Objetivos

A programação proporciona ao aprendiz um ambiente desafiador que o estimula a pensar. Isso pressupõe um processo de aprendizagem ativa, onde a construção do conhecimento se dá a partir das ações físicas ou mentais do aluno. Programar envolve uma série de capacidades, das quais destacamos: criatividade, capacidade de resolução de problemas, trabalho em grupo e o raciocínio lógico.
A criatividade pode ser compreendida como um modo de utilizar e reutilizar a informação, mas também pode ser uma atitude. Sobre a criatividade Vygotsky (1989, p.13) assim se posiciona:

Entre as questões mais importantes da psicologia infantil e da pedagogia, encontra-se a da capacidade criadora das crianças, a da promoção desta capacidade e a da sua importância no desenvolvimento geral e maturação da criança.

Nesta perspectiva, o pensamento criativo apresenta duas características principais: a revelação da autonomia sobre o que fazer e como fazer e a orientação para criações novas ideias, partindo daquelas já existentes. Uma das capacidades usadas quando se está programando, fundamental para que haja a interação com computador - objeto e pessoa - é o uso da imaginação, ou seja, da capacidade criadora.
Além da criatividade, a capacidade de resolução de problemas é uma competência matemática que leva a desenvolver inúmeras outras competências. Ponte et al. (2007) consideram que a resolução de problemas pode ser uma importante contribuição na formação integral do indivíduo. Pólya (2003), ainda, define a resolução de problemas como uma arte que todos podem aprender, o objetivo é desenvolver a capacidade de pensar. Para o autor, a resolução de problemas inclui quatro etapas: compreensão do problema, elaboração de um plano, execução do plano e verificação dos resultados.
Além do desenvolvimento da criatividade e da habilidade na resolução de problemas, o trabalho em grupo também se faz importante para a aprendizagem eficiente através de programação. A necessidade de pensar soluções para um determinado problema e, posteriormente, expor a um grupo que deseja também resolvê-lo a fim de escolher aquela que melhor responde à natureza do desafio, representa um poderoso contexto de aprendizagem partilhada, onde as diferentes hipóteses podem ser questionadas e aprimoradas pelo grupo. Além disto, nesta dinâmica de trocas estabelecida em torno do ato de pensar uma solução para determinada situação, os alunos que apresentam mais dificuldades se beneficiam das competências de seus colegas que, ao ajudar o grupo, acabam por revisitar e reformular constantemente aquilo que já sabem.
A importância da interação entre aluno e professor também é importante e significativa. Vygotsky (1989) ressalta a importância do inter-relacionamento entre os membros de uma escola para a ampliação das possibilidades de sucesso na aprendizagem enquanto processo de interação. As ações educativas devem ocorrer num ambiente de interação social, promovendo o intercâmbio entre os diferentes sujeitos escolares. A importância do trabalho em grupo vai além do fato de o aluno trabalha a sua aprendizagem e ao mesmo tempo que seu colega, passa pelo aumento do índice de responsabilidade e de autoestima dos mesmos, promovendo, assim, o relacionamento entre alunos e as suas capacidades interpessoais.
E por fim, além destas, a capacidade desenvolvida no ato de programar computadores que, acreditamos, mais impulsionar a aprendizagem eficiente é o raciocínio lógico. O pensamento lógico parte do indivíduo e da construção de relações existentes entre os objetos sendo elemento fundamental para que a relação sujeito e objeto tome sentido. Não se trata de um conceito ou uma capacidade que se possa ensinar em um processo direto de relação educativa entre professor e aluno, por exemplo. O raciocínio lógico, fundamental ao processo de aprendizagem em qualquer área do conhecimento, se desenvolve nos momentos em que os indivíduos se deparam com situações em que precisam perceber a demanda por estruturar o pensamento detalhadamente para resolver determinado problema. Quando precisa criar estratégias e testá-las, para aferir a eficiência da solução e, posteriormente executá-la para identificar sua eficiência. Desta forma, é possível intuir que o raciocínio lógico não é fruto de atos espontâneos dos indivíduos, mas de atividades que o envolvam, o desafiem e que possibilitem a criação de uma gama potencialmente infinita de soluções.
Enfim, considerando estas características - criatividade, capacidade de resolução de problemas, trabalho em grupo e o raciocínio lógico - desenvolvidas em processos de programação de computadores, acreditasse fortemente, e temos desenvolvido ações no município de Passo Fundo que apontam para isto: o ato de programar computadores, por muito tempo associado a profissionais da área de informática, pode constituir uma alternativa poderosa de qualificação da educação, subvertendo a aplicação interdisciplinar dos recursos tecnológicos digitais no ensino.

Referências

VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. 6ª ed. São Paulo, SP. Martins Fontes Editora LTDA, 1998.

PONTE, J.P.; Brocardo, J. e Oliveira, H. (2007). Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo Horizonte: Autêntica (Coleção Tendências em Educação Matemática, v. 7).

POLYA, G. A arte de resolver problemas. Rio de Janeiro: Interciência, 2003.

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